terça-feira, 20 de abril de 2010

Setor de recuperação de crédito crescerá 20%

Da Redação

SÃO PAULO - O aumento da concorrência entre as instituições financeiras, aliado à expansão do crédito, irá levar as empresas de recuperação de crédito a um crescimento de 20% em seu faturamento neste ano, ante alta de 5% em 2009. Além disso, com o aumento dos empréstimos, o setor conta com um volume absoluto de inadimplência maior, apesar da expectativa de uma queda relativa do índice de 5,8% para 4,5% em 2010.

Segundo o diretor de Novos Negócios e Desenvolvimento da empresa de tecnologia especializada em sistemas para recuperação de crédito SysOpen, Wellington Gomes, a tendência é de que a inadimplência neste ano chegue a 6,5% em março, antes de cair até um patamar de 4,5% em dezembro. "O primeiro trimestre é um período sazonal de aumento do índice, por conta do acúmulo de dívidas no ano anterior, além do pagamento de uma série de obrigações fiscais, como IPTU e IPVA".

Assim, a inadimplência acima de 90 dias chegaria a R$ 80 bilhões, dentro da previsão de crescimento do crédito no sistema financeiro nacional de 30%, a R$ 1,77 trilhão. Segundo Gomes, no entanto, a inadimplência entre 10 e 90 dias, pode bater a casa dos R$ 250 bilhões. "Será dentro desse parâmetro que as empresas de recuperação de crédito irão trabalhar, mas muito desse volume será de pagamento espontâneo", diz o diretor. Essa medição é feita apenas no índice de inadimplência do mercado financeiro, sem levar em consideração o não pagamento de serviços como telefonia, energia elétrica, água, gás, TV a cabo e também parte do varejo, que trabalha com financiamentos próprios sem a utilização de recursos do mercado financeiro.

Segundo o presidente da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito (Aserc), José Roberto Roque, o faturamento médio das 1.800 empresas do setor é entre R$ 300 e R$ 400 mil mensais, ou R$ 8,640 bilhões anuais. "O incremento de 20% esperado virá não só pelo aumento de volume do crédito neste ano, mas também porque ainda há uma bolha de inadimplência trazida de 2009", analisa. Segundo ele, o setor está aquecido e "animado". O executivo usa como base o índice criado pela associação de vontade do devedor de cartão de crédito pagar dívida de dois anos nos próximos 90 dias. "O índice atual é o maior da série, tendo batido os 88%", afirma. Segundo ele, a média histórica fica entre 80% e 82%.

Gomes, da SysOpen, vê o mercado ainda aquecido por muito tempo. Segundo ele, a recuperação de crédito será uma ferramenta cada vez mais importante em um cenário de expansão do crédito, como o esperado no País nos próximos anos. "Mesmo que inadimplência fique estável nesse caso, com as concessões subindo, o volume absoluto dos calotes também sobem", compara.

O executivo diz ainda que as instituições financeiras precisarão recuperar o dinheiro financiado cada vez mais rápido, para poder voltar a reemprestá-lo.

Gomes vê a inadimplência caindo "por necessidade". "Em um crédito consignado, por exemplo, que tem taxas baixas, se a inadimplência é alta, acaba com o lucro. Em uma perspectiva de caminharmos para taxas cada vez menores e concorrência maior, o trabalho de recuperação deverá ser cada vez melhor".

Ele lembra ainda que em países desenvolvidos, a concessão de crédito chega a ser mais de 100% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto no Brasil está na casa dos 45%. "Se chegarmos a esse nível e os bancos demorarem a retornar esse dinheiro para seus caixas, não terão recursos para voltar a emprestar", projeta.

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